Leonardo da Vinci
Sua Vida.
Leonardo nasceu numa aldeia perto de Florença, Itália, em 1452. Seu pai, o tabelião Piero não se casou com a jovem Catarina e recusou-se a dar ao menino um nome, o que veio a tornar famosa a aldeia de Vinci.Um dos maiores gênios de todos os tempos, principal figura da renascença Leonardo consegue ser um mestre da pintura com apenas meia dúzia de quadros - os únicos que lhe podem ser atribuídos com toda certeza e exclusividade - entre os quais estão o mais famoso do mundo, a Mona Lisa, e o mais reproduzido na história da arte, A Ceia.
Leonardo passou a infância na casa do avô, longe do pai, mimado pela mãe. Jovem, não foi um exemplo de força de vontade ou rigidez de caráter. Em 1476, por exemplo, os arquivos locais registram duas denúncias contra ele, por maus costumes (sem revelar o que seriam estes atentados ao pudor público). Aos 16 anos já desenhava e pintava, e o pai mandou-o a Florença para trabalhar no ateliê de Verrocchio. Florença era naquela época, cidade de grande prestígio e de muitas glorias. Seu governador, Lourenço de Médicis, chamado "o magnífico", a transformara num centro de cultura, dera-lhe paz e prosperidade. A arte florentina estava no apogeu: Verrocchio, Botticelli, Filippino Lippi e Ghirlandaio - entre outros - ali trabalham protegidos pelo regente.
A extraordinária beleza física de Leonardo abre-lhe as portas: louro, olhos azuis, nariz aquilino, teria sido o modelo para o Davi, de Verrocchio. Mas é a sua inteligência e o espírito brilhante que lhe mantêm essas portas abertas. O Batismo de Cristo, de Verrocchio, é o seu primeiro trabalho importante de aprendiz: o anjo à esquerda segundo consta, é totalmente seu. Giorgio Vasari, pintor menor, mas o maior historiador da arte do Renascimento e contemporâneo de Leonardo, afirma que Verrocchio acabou desgostoso com a pintura, ao ver-se ultrapassado pelo próprio aluno. O certo, porém, é que Verrocchio exerceu sobre Leonardo profunda influência, a qual, embora pequena no campo artístico, foi bastante marcante no campo intelectual.
Diz Vasari, a propósito de Leonardo: "Se não tivesse sido tão volúvel e inconstante, teria feito um grande proveito na erudição e nas letras". Ou em qualquer campo que escolhesse. O problema é que não se fixava e, ainda muito moço, já se dedicava aos desenhos arquitetônicos e aos inventos mecânicos.
Num ensaio famoso, Freud - o pai da psicanálise - atribui uma causa infantil a esta inconstância de Leonardo: viveu com a mãe somente até os 4 anos, quando ela se casou com um certo Accattabriga del Vacca. Indo morar com o avô paterno, Antonio, assistiu ao casamento do pai com Albiera Amadori. O casal não teve filhos e Leonardo chamava a madrasta de madrinha, ligando-se muito a ela. Mas ainda não tinha 13 anos no dia em que ela morreu, e viu o pai casar-se mais três vezes. E não tinha 14 anos quando morreu o avô, seu grande amigo.
Em 1482, aos 30 anos, oferece seus serviços ao Conde Sforza, Ludovico, o Mouro, e segue para Milão, deixando em Florença, inacabadas, duas obras de pintura: Adoração dos Magos e São Jerônimo. Um dos pastores da Adoração, ao que tudo indica, é o seu auto-retrato aos 22 anos. O que encanta os críticos nas suas pinturas inacabadas é exatamente a possibilidade de verem a obra de arte no ato da sua criação. Fica em Milão até 1499 para projetar a catedral da cidade, mas acaba esboçando e construindo a rede de canais e um vasto sistema de irrigação e abastecimento de água. Além disso, planeja e organiza a defesa de Milão, pondo em prática sua "inventiva" na construção de máquinas para a guerra: o carro de assalto que imaginou, coberto de toras de madeira, movia-se à força de homens ou animais protegidos no seu interior, disparando sobre o inimigo com armas que se deslocavam sobre a abertura superior; o canhão de canos múltiplos disparava rajadas, como as metralhadoras inventadas séculos depois. Urbanista, fez um projeto completo para a cidade de Milão, eliminando muros, alinhando ruas, prevendo esgotos, vias de dois pavimentos em que os pedestres andariam por cima, deixando a pista embaixo livre para veículos. As casas seriam amplas e ventiladas, e haveria enormes praças e jardins públicos.
Ainda encontrava tempo para superintender as representações teatrais, organizar as sessões de música no palácio e dirigir as grandes festas, enquanto trabalhava numa gigantesca estátua eqüestre de Francesco Sforza. Só o cavalo estava completo, quando os franceses, invadindo a cidade, destruíram o modelo em gesso em 1500. Também datam dessa época seus estudos de Anatomia e Proporções, de Perspectiva e de Óptica.
Também é dessa época o quadro A Virgem dos Rochedos, primeiro daquele período que chegou até nós acabado, embora esteja bastante danificado. É a primeira obra de Leonardo terminada que conhecemos e dela existem duas versões, uma no Museu do Louvre e a outra, provavelmente posterior, na Galeria Nacional de Londres. Um contrato assinado a 25 de abril de 1483 obrigava-o a entregar, até o dia 8 de dezembro do mesmo ano, um mural para o altar da Virgem, na Igreja de São Francisco, em Milão. Leonardo contratou os irmãos De Predis para participar da execução, mas antes de terminada a obra romperam o contrato. No dia marcado, Leonardo não entregou o trabalho; começou aí uma questão judicial que durou 25 anos
Ao que tudo indica, enquanto procurava cumprir a tarefa, com a colaboração dos irmãos De Predis e segundo exigências que determinavam uma série de pormenores na maneira de retratar os personagens, Leonardo trabalhava sozinho em outra versão, pessoal. É esta versão que está no Louvre. Inspira-se no animismo. Segundo esta doutrina, comum no Renascimento, a natureza inteira é animada por almas diversas, todas com caráter espiritual. Assim, a rocha, as flores, os animais e os homens constituem expressões diversificadas de uma mesma força vital e assim devem ser representados.
Leonardo afirma, nos seus manuscritos, que a Terra vive e tem uma alma: os rios são suas artérias, os regatos são as veias, o fluxo e o refluxo do mar são o seu alento, nos vulcões está a residência da vida, o oceano em tomo dos mares é um lago de sangue em volta do coração. A Virgem dos Rochedos emerge de uma atmosfera vibrátil, densa, os objetos perdem os contornos rígidos para respirarem livremente, irradiando uma luz interna, nascida do íntimo, como se viesse mesmo da própria vida contida em cada um. O tema e o desenho foram tomados e copiados por contemporâneos, provavelmente alunos seus, com sutilíssimas modificações. Um desses quadros está na Pinacoteca de Milão e outro na Igreja de Affori, perto de Milão.
Na mesma época pintou A Ceia ou O Cenáculo, no qual retrata o momento em que Cristo anuncia haver um traidor entre os presentes. A intenção dramática é evidente na própria escolha da distribuição dos personagens, na fixação da atitude de cada um: espanto, suspeita, indiferença, dúvida, indignação, amor.
A Ceia custou três anos de trabalho, de 1495 a 1497. Pintou-a numa parede do Convento de Santa Maria delle Grazie, em Milão, com mais de 9 metros de comprimento e 4 metros e 20 centímetros de altura. Leonardo começa trabalhando com rapidez, dias inteiros, esquecido de tudo. Mas atravessa uma época difícil.
A guerra contra Carlos VIII desvia o bronze necessário para fundir o monumento a Francesco Sforza, que custara tantos anos de trabalho. Ele se queixa a Ludovico e cai em desgraça. Por essa época, vive frugalmente, como um monge. Vegetariano por convicção, não bebe porque "o vinho toma a sua vingança ao bebedor". Às vezes, passa vários dias sem pegar um pincel, desenhando e redesenhando as figuras da Ceia. Há uma enorme série de estudos não só do conjunto como de cada um dos apóstolos, inclusive despidos - para melhor estudar o movimento e a atitude de cada um. Esses desenhos estão em Milão, no Louvre, em Windsor, na Academia de Veneza e na Albertina de Viena. As duas figuras centrais, Cristo e Judas, merecem um longo estudo e uma incansável busca por modelos dignos.
Judas acaba ficando muito parecido com Savonarola - que então domina a vida de Florença, até ser queimado. Os críticos discutem até hoje se Leonardo terminou ou não sua obra. Sem muita sorte, apesar dos novos processos que ensaiou, em pouco tempo as cores começaram a desbotar, as paredes a descascar, a umidade atacando a têmpera aplicada diretamente sobre o muro.É até possível que Leonardo tenha abandonado o trabalho, por causa das más condições do local. Luca Pacioli, amigo de Leonardo, escreve em 1498 que "o maravilhoso trabalho não está acabado, mas é uma obra-prima, numa localização infeliz".Os padres de Santa Maria chegam a abrir uma porta no mural. Sucessivas tentativas de restauração comprometem ainda mais a Ceia, que tendo escapado por um triz ao bombardeio aéreo na II Guerra Mundial, ficou sujeita depois a nova tentativa de restauração.
De qualquer forma, a Ceia devolve Leonardo às boas graças de Ludovico, que o presenteia com uma vinha em São Vitório. Mas desde a morte da mulher, em 1496, que Ludovico não é o mesmo homem, a corte não tem para ele o mesmo brilho. E quando os franceses invadem a cidade, em 1500, Leonardo, abalado pela derrota de Ludovico - de quem era conselheiro militar -, poe-se a serviço de César Bórgia. Em Florença ele é o Consultor para Questões de Arquitetura.
De 1500 a 1501 viaja o tempo todo. Vai a Mântua, onde é hóspede de Isabella d'Este (que encomenda, entre outras coisas, um retrato que nunca foi além do primeiro esboço, apesar do empenho da ilustre dama).
Em Veneza estuda o sistema defensivo da cidade, ameaçada pelos turcos, projeta gigantescas catapultas, preocupa-se com o domínio dos ares. Depois de estudar a fundo o vôo das aves conclui que o homem jamais voará batendo asas, mas está certo de que, resolvido o problema da propulsão, o homem voará, porque a estabilidade e o pouso não serão problema. Cria um pára-quedas e começa a estudar um engenho voador mecânico. Chega, inclusive, a criar o parafuso aéreo, uma antevisão do helicóptero, de propulsão mecânica.
Baseado no princípio de Arquimedes inventa uma bomba hidráulica, para elevar água, a primeira do gênero. Imagina ainda uma bomba de poço e uma roda hidráulica. Projeta uma ponte parabólica. Estuda os peixes e, para vencer a resistência da água, aconselha novos perfis para as embarcações. Projeta vários modelos de barco, inclusive um movido a rodas de pás - como os navios a vapor de trezentos anos depois.
Em Veneza é acusado de desrespeito aos mortos, por dissecar cadáveres, o que constituía crime, além de ser um terrível pecado contra a Igreja. O escândalo é abafado. Nomeado engenheiro militar acompanha César Bórgia nos seus empreendimentos guerreiros e encontra tempo para inventar uma grua de cabrestante com freio dentado e equilibrada por contrapeso, um isqueiro para acender canhões e uma draga palustre de pás escavadoras.
E também para pintar: começa Gioconda em 1503.Segundo Vasari, Francesco del Giocondo, um rico florentino, encomendou a Leonardo - e pagou-lhe muito bem por isso - um retrato de sua mulher, Mona Lisa. Quatro anos depois o quadro não está pronto. Aqui começa o grande debate: quem é a dama do quadro? A mulher de Giocondo? É este o retrato de uma jovem de 26 anos? Ou é o retrato de Constança d'Avalos, Duquesa de Francavilla, "inclusive com o véu negro de viúva?" Há quem afirme - e a sério - que o encantador sorriso é de um jovem, travestido. Diz a lenda que Leonardo tocava, para distrair seu modelo, música composta por ele em instrumentos inventados por ele, como um órgão a água e uma lira de prata (que daria de presente a Ludovico).
O certo é que a Mona Lisa del Giocondo se tornou o quadro mais célebre da pintura ocidental. Hoje está no Louvre, como principal atração turística, numa sala em que um Rafael e um Correggio passam despercebidos, ofuscados pela fama da Gioconda.
Aqui também Leonardo foi copiado. A mesma pose foi repetida por dezenas de artistas que retrataram mulheres vestidas e despidas na mesma posição, à procura do mesmo sorriso inimitável, durante mais de cem anos. Também data de 1503 Santana, a Virgem e o Menino, cuja exposição é um sucesso. Filipino Lippi, convidado a fazer o quadro para os padres da Annunziata, que queriam a Virgem, o Filho e a Mãe num mesmo altar, recusou-se modestamente, indicando Leonardo, em 1500. Ele recebe dinheiro por conta e não dá andamento ao trabalho, nem apresenta um projeto. Está preocupado com a Geometria, depois com a Hidráulica, em seguida com a Geometria dos Sólidos, e logo com a Anatomia.
Leonardo também não completa o afresco que a República Florentina encomenda para a Sala do Conselho do Palácio da Senhoria. Nesta enorme sala, Leonardo deveria pintar a Batalha de Anghiari, que ficaria de frente para outra pintura comemorativa, a da Batalha de Cascina, a cargo de um jovem que iniciava brilhantemente a carreira: Michelangelo Buonarroti. Certo de superar seu concorrente, Leonardo trabalha com rapidez e segurança. Mas, assim que o afresco começa a deteriorar-se, pois as novas técnicas de Leonardo não aprovam, perde o interesse, faz um depósito de 150 florins e segue para Milão.
Em Milão tenta recuperar a vinha que Ludovico lhe dera, procura acalmar os padres a quem ainda deve A Virgem dos Rochedos e aceita a incumbência de fazer uma estátua eqüestre, um monumento a Trivulce. Mas Ludovico reconquista o poder, os franceses fogem e Leonardo é obrigado a sair às pressas, acusado de colaborar com o inimigo.
Foge para Roma, coloca-se a serviço de Juliano de Medici. Roma não lhe é simpática, prefere Rafael e Michelangelo, artistas mais jovens. Nesta época quase não pinta, aprofunda seus estudos de Matemática, dedica-se decididamente aos projetos de Arquitetura e de Engenharia, aos estudos de Anatomia, à redação do seu tratado sobre pintura (que só será editado posteriormente em Paris para comemorar o seu centenário, em 1551, com o título de Tratado da Pintura).
E só em 1510 acaba por fim Santana, a Virgem e o Menino, ainda assim sem alguns detalhes. A morte de Juliano precipita sua partida de Roma. Aceita o convite de amigos franceses e deixa definitivamente a Itália em 1516. Leva seus manuscritos, centenas de desenhos, três quadros - todos os três feitos por encomenda e nenhum deles entregue. Doente, com um problema de articulação na mão esquerda, não pinta mais, vai aos poucos perdendo as forças. Mora no Castelo de Cloux, perto de Amboise, no Touraine - uma residência de Francisco I.
O rei é uma das suas visitas constantes. Outra é De Beatis, secretário do Cardeal de Aragon, a quem confessa que dissecara trinta cadáveres, corpos que precisou comprar ou roubar para arrancar a pele, seguir o caminho das veias, estudar a junção dos ossos, aprender a disposição dos músculos, á procura dos segredos do movimento do homem. Mostra suas pesquisas, as conclusões a que chegou, as questões que formulou, tudo anotado numa escrita peculiar, intraduzível, indecifrável durante anos (até que se descobriu que ele escrevia para ser lido diante de um espelho). Esses cadernos, se revelados e aceitos na época, certamente teriam feito a medicina avançar cem anos, no mínimo.O mês de abril de 1519 ele o passa na cama, cercado por três quadros: a Mona Lisa del Giocondo; Santana, a Virgem e o Menino e o São João Batista, que provavelmente pintou em Roma como sua última obra.
No dia 2 de maio o Rei Francisco I visita mais uma vez Mestre Leonardo. Para aliviar-lhe a dor, sustenta sua cabeça nos braços. "Reconhecendo que não podia gozar de honra maior" (segundo Vasari), Leonardo da Vinci morre nos braços do rei.
Está morto o homem que inventou sapatos para caminhar sobre a água, que inventou o salva-vidas, que inventou o compasso parabólico, que inventou máquinas capazes de fazer lentes telescópicas de 6 metros e lentes côncavas, que demonstrou a impossibilidade do moto-contínuo, que descobriu a mecânica dos músculos, que mediu a distância do Sol a Terra e o tamanho da Lua. Está morto o homem que pintou o quadro mais reproduzido do mundo, além de pintar o quadro mais célebre, mas que entre todas suas obras só gostava verdadeiramente de Santana, a Virgem e o Menino.
Ciência e Criações.
Talvez até mesmo mais impressionantes que os seus trabalhos artísticos sejam os estudos em ciências e engenhosas criações, registrados em cadernos que incluem umas 13.000 páginas de notas e desenhos que fundem arte e ciência.
Da Vinci tentou entender os fenômenos e descrevendo em detalhe extremo, e não enfatizou experiências ou explicações teóricas. Ao longo de sua vida, ele planejou uma enciclopédia baseado em desenhos detalhados de tudo. Como não dominava o latim e a matemática, o Leonardo da Vinci cientista era ignorado pelos estudiosos contemporâneos.
Ele participou em autópsias e produziu muitos desenhos anatômicos extremamente detalhados e planejou um trabalho inclusive com humanos e anatomia comparativa. Ao redor do ano 1490, ele produziu um estudo das proporções humanas baseado no tratado recém-redescoberto do arquiteto romano Vitruvius. Leonardo debruçou-se sobre o que foi chamado o Homem Vitruviano,
o que acabou se tornando um dos seus trabalhos mais famosos e um símbolo do espírito renascentista. O desenho reproduz a anatomia humana conduzindo eventualmente ao desígnio do primeiro robô conhecido na história que veio a se chamado de O Robô de Leonardo.
Homem Vitruviano
Fascinado pelo fenômeno de vôo, Da Vinci produziu detalhado estudo do vôo dos pássaros, e planos para várias máquinas voadoras, inclusive um helicóptero movimentado por quatro homens, e um planador que já foi provado que poderia ter voado. Em 3 de janeiro de 1496 testou sem sucesso uma máquina voadora que tinha construído.
Em 1502 Leonardo da Vinci produziu um desenho de uma ponte como parte de um projeto de engenharia civil para Sultão Beyazid II de Constantinopla. Nunca foi construído, mas a visão de Leonardo foi ressuscitada em 2001 quando uma ponte menor baseado no projeto dele foi construída na Noruega.
Os seus cadernos também contêm várias invenções no campo militar: canhões, um tanque blindado movimentado por humanos ou cavalos, bombas de agrupamento, etc.,embora considerasse a guerra como a pior das atividades humanas. Outras invenções incluem um submarino, um dispositivo de engrenagem que foi interpretado como a primeira calculadora mecânica. Nos anos dele no Vaticano, planejou um uso industrial de poder solar, empregando espelhos côncavos para aquecer água.
Em astronomia, acreditou que o Sol e a Lua giravam ao redor da Terra, e que a Lua refletia a luz do Sol devido a ser coberto por água.
Da Vinci não publicou e nem distribuiu os conteúdos de seus cadernos. A maioria dos estudiosos acredita que o Leonardo quis publicar os cadernos e fazer com que as sua observações fossem de conhecimento público. Eles permaneceram obscuros até o século XIX.
A influência de Leonardo na história da arte européia é bastante profunda. Algumas técnicas desenvolvidas por ele, destacadamente o sfummato e o chiaroscuro, tornaram-se uma regra para a pintura dos séculos vindouros.
É considerado por muitos como o arquétipo do Homem do Renascimento.
Grande inventor de sua época, Leonardo da Vinci era um homem à frente de seu tempo. Seu interesse e criatividade em vários campos de estudo deram origem a invenções como: salva-vidas, pára-quedas, bicicleta, entre outras.
Galeria
Cabeça de Guerreiro1475 - Desenho a ponta de prata
Este guerreiro antigo é um dos seus primeiros desenhos mais detalhados. Nesta época, ele ainda trabalhava no ateliê de Verrocchio, e a forte influência da forma escultural é evidente. Se Leonardo instintivamente procurava retratar formas móveis e retorcidas, foi sob a orientação de Verrocchio que este instinto encontrou expressão. Os relevos e esculturas de Verrocchio estão em linha direta com este desenho, assim como o rosto maduro e viril do guerreiro está diretamente relacionado com os Apóstolos de A Última Ceia e o guerreiros da Batalha de Anghiari.
A Última Ceia - 1497
Encomendada por Lodovico Sforza para o Convento dos Frades Dominicanos em Santa Maria delle Grazie em Milão. Embora parcialmente pintada na forma tradicional de um afresco - aplicando pigmento misturado com gema de ovo ao reboco úmido - o trabalho também inclui um veículo de óleo ou verniz. Infelizmente, a pintura começou logo a se desintegrar, e uma série de restaurações malfeitas se seguiram. Recentemente, a pintura foi limpa e o trabalho dos primeiros restauradores removido; mas grande parte do trabalho original se perdeu. Ao contrário das pinturas contemporâneas da Última Ceia, porém, a de Leonardo tem unidade. A dinâmica da composição e o ambiente simples conduzem o olhar, como por acaso, à figura central e unificadora de Cristo. Os três Apóstolos da esquerda voltados para o centro são contrabalançados por dois à direita, que estão de costas mas cujos gestos conduzem o olhar para o centro. Há uma grandiosidade impressionante neste trabalho, que mesmo a devastação do tempo não foi capaz de eliminar.
Virgem dos Rochedos - 1506-8
Esta versão do quadro, atualmente na National Gallery, em Londres, é provavelmente o retábulo encomendado, em 1483, mas muito tempo adiado. Existem várias diferenças sutis entre este e o anterior. A frescura se perdeu, os rostos tem uma beleza mais clássica, menos plástica, o anjo já não intriga o observador porque não olha para fora do quadro nem aponta mais para São João. O Menino Jesus tem uma expressão mais séria e atenta e a atitude de São João é menos adoradora e mais convencional. Talvez a principal diferença seja a maneira como Leonardo usou a luz. Na pintura anteior, as figuras são iluminadas por uma luz difusa, enquanto o resto da cena fica na sombra. Nesta versão, o chiaroscuro beira o melodramático, a luz origina-se de um único ponto e focaliza intensamente os rostos das figuras. Os historiadores da arte discordam sobre o quanto desta pintura foi executada pelo próprio Leonardo e qual dos seus alunos seria responsável pelo resto do trabalho. O rosto da Virgem adquiriu uma perfeição ideológica à custa da doçura e da vitalidade. Ela tem a delicadeza de toque e de contorno característica de Leonardo, mas parece lhe faltar a sua visão.
Mona Lisa1508 - Óleo
Este quadro é tão familiar e tantas vezes o famoso sorriso da "Gioconda" já foi reproduzido em tudo, desde cartões postais a calendários, que é virtualmente impossível olhar a obra sem preconceitos. As precauções de segurança tomadas pelo Louvre, em Paris, onde está o quadro, torna-o não só o mais assiduamente protegido do mundo, como também o mais difícil para o visitante ver claramente. Mas este retrato de uma jovem esposa florentina continua exercendo uma magia especial. Como deve ter sido tão mais excitante e inovadora a sua exuberante beleza, a pele luminosa e a relaxada formalidade da sua pose, para o observador do século 16. O sorriso da Mona Lisa tem sido definido como enigmático, tímido e delicado. Outros críticos menos gentis o descreveram como um vinco no rosto ou típico de uma pessoa dissimulada. Certamente, é um sorriso de origem mais mundana do que espiritual; de uma mulher satisfeita mais do que de uma santa. Mas ainda permanece um elemento um tanto misterioso e evasivo. Nos próprios escritos de Leonardo sobre arte e pintura, ele descreve como as sutilezas de caráter são mais plenamente reveladas pelos rostos vistos à luz do entardecer e com mau tempo. Existe uma qualidade luminosa subjacente quase sombria, tanto no retrato quanto na paisagem que compõe o fundo, que revela ao mesmo tempo que esconde.
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